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Artigo adicionado em 26/07/2005, às 02:20

BRINQUEDOS BIZARROS DE NOSSA INFÂNCIA
Um verdadeiro show de horrores que nos divertia a valer ^_^ Foi há alguns anos. Eu era pequena e ganhei aquela boneca que falava “Brinca Comigo”. Claro que, mais do que depressa, arranquei o durex que prendia o cabelo dela, o que transformou a criatura em uma moita loira black-power. Tempos depois, após tomar alguns […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Foi há alguns anos. Eu era pequena e ganhei aquela boneca que falava “Brinca Comigo”. Claro que, mais do que depressa, arranquei o durex que prendia o cabelo dela, o que transformou a criatura em uma moita loira black-power. Tempos depois, após tomar alguns banhos e a água infiltrar-se pelo mecanismo dela, a boneca começou a falar “brinca comigo” com a voz da garota do Exorcista. Não era algo muito bonito de se ver. Ainda mais quando ela começou a falar “brinca comigo” sem que eu apertasse o botãozinho, o que a tornou tão bizarra que eu não duvidaria nada se um dia a boneca completasse a frase com um “para todo o sempre”, no melhor estilo das gêmeas de O Iluminado. O mais legal é que, nas brincadeiras de Barbie, a “Brinca Comigo do mundo bizarro” às vezes fazia o papel de namorada do Arqueiro da She-Ra (sim, aquele musculoso cujo coraçãozinho acendia, era um casal lindo).

É nessas horas que a gente pára pra lembrar de nossas caixas de brinquedo: ah, infância… aquele doce período cheio de brincadeiras pueris, joguetes juvenis e serões com nossos coleguinhas. Uau, falei melhor do que a minha avó agora! As tardes de crianças setentistas, oitentistas e noventistas foram repletas de Pogobol, Barbies, Chuquinhas, Comandos em Ação, Moranguinhos, Playmobils, cachorros possuídos que davam cambalhotas, famílias de girinos, dinossauros falantes… Mas hein? Pois é, não precisa de muito esforço para lembrar de algumas das pérolas mais esquisitas que faziam parte das nossas caixas de brinquedos. Aposto que você também tem zilhões de histórias sinistras como essa minha da “Brinca Comigo” para contar. Mas vale lembrar que nem sempre a culpa por nossos traumas de infância era só nossa. Os fabricantes de brinquedos também contribuíram bastante com idéias bizarras e absurdas que poderiam muito bem ter nascido da mente doentia de Willy Wonka – aquele cara que sabia muito bem como educar a criançada ;o). Jogue a primeira pedra aquele que passou incólume a bizarrices como:

:: BABY
Quando a divertida série Família Dinossauros foi ao ar na Globo há uns 10 anos, teve bastante repercussão. Como sempre acontece nesses casos, produtos licenciados com a estampa dos personagens encheram as estantes de tudo quanto é loja. Mas o maior sonho de consumo de qualquer criatura vivente na época era mesmo o Baby grandão, que falava frases aleatórias do personagem. Era a coisa mais normal encontrar no quarto de uma criança, em meio a bonecas fofinhas e meigas, todas bebês loirinhas e filhotes de seres humanos… um dinossauro gordinho, com pintas e olhos roxos, e os braços abertos. Bastava puxar o cordão nas suas costas e uma voz esganiçada ameaçava: “Você precisa me amar”! Não à toa, passou a circular pelo País uma lenda urbana que dizia que um bebê havia nascido com a cara do Baby da Silva Sauro! Bem, é fato que o boneco do Baby parecia bastante o fofo e irritante bebê dinossauro dos Silva Sauro. E era esse o problema. Ter um dinossauro bebê falante é REALMENTE bizarro. Por isso mesmo é que até hoje sou frustrada por não ter tido esse boneco quando era criança. ^_^

:: BOGS
“Terríveis criaturas que ganham vida em suas mãos”! Era o que a caixa do boneco anunciava, orgulhosa. E essas criaturas terríveis eram tão feiosas quanto os duendes malditos do filme Labirinto. Vendidos como monstros perigosos, os Bogs eram feitos de uma borracha molenga e serviam como uma espécie de fantoche, já que as crianças serelepes podiam colocar a mão dentro dele e mexer com sua boca e seus olhos. Fora isso, não tinham bem uma utilidade maior – a não ser assustar a irmã mais nova e a vovó. O bichano vinha em diferentes tamanhos e cores, mas em uma coisa todos os Bogs eram iguais: quando ficavam velhos, a borracha começava a ficar ainda mais fedorenta do que já era normalmente. Tosco, bastante tosco.

:: LATE LULU
“Que lindo, mamãe! Um cachorrinho!” – exclamavam as crianças, felizes, ao abrir o pacote do cachorrinho que ficou conhecido por muitos nomes – de Late Lulu a Fantastic Puppy (mas para mim pode ser chamado de “cachorro possuído que dá cambalhotas”), graças à proliferação de cópias piratas do bichinho. Minutos depois, os pequeninos se punham a chorar, ao ver que o lindo cachorro, quando ligado, latia assustadoramente e rangia feito um robô assassino. Não sei que espécie de fabricantes de brinquedos achavam que um bicho que se contorcia daquele jeito ia fazer sucesso entre as criancinhas. E o pior é que fez =). Ao ser ligado, o doce cãozinho dava cambalhotas, mexia a cabecinha e a boca e sentava, enquanto qualquer coisa estridente que lembrava um latido saía de dentro dele. Quando a pilha estava acabando, o doce Lulu parecia um cão agonizante tentando voltar à sua forma viva. Se brinquedos que se mexem como seres vivos já são por si só intrigantes, quando sons constrangedores saem de dentro de suas barriguinhas, eu prefiro não me aproximar. E o melhor ainda está por vir: tanto ferro dentro do corpo dele, com o tempo, acabava rasgando o tecido, e o bichinho ficava com as tripas mecânicas para fora. *E foi dureza encontrar uma foto do famigerado ser. Tive que caminhar pelos camelôs da cidade em seu encalço só pra conseguir a foto para esse artigo!

:: COLEÇÃO BAUZINHO ENCANTADO
Fitas e discos coloridos com histórias da Disney? Isso não é nada! Legais mesmo eram os disquinhos com histórias infantis contadas por ninguém menos que o máster Sílvio Santos. Apesar de não ter sido nenhum sucesso mundial, essa preciosidade que se chamava Coleção Bauzinho está nessa lista simplesmente porque é no mínimo bizarro ouvir algo como a doce história do Patinho Feio contada pela voz inconfundível do seo Sílvio. Se seus pais compravam o carnê do Baú e você era uma criança no fim da década de 70, as chances de você ter sido um felizardo possuidor desses discos de vinil coloridos são grandes. Eram 12 disquinhos, com as histórias do Pinóquio, do Patinho Feio, do Sapo Edgar (?), João e o Pé de Feijão, Branca de Neve, Soldadinho de Chumbo, Os Três Porquinhos, Cinderela, O Gato de Botas, O Mágico de Oz, João e Maria e Chapeuzinho Vermelho. Todas elas narradas por um sentimental e animado Sílvio Santos de 30 anos atrás. =) A boa notícia para os curiosos é que o povo do Baú está relançando essa supimpa coleção. O motivo? Recentemente, o MIS do Rio de Janeiro promoveu uma mostra sobre o apresentador (Sílvio Santos – Imagem e Som do Comunicador do Século) e essas historinhas fizeram o maior sucesso entre os visitantes. Se quiser um desses CDs pra se matar de rir, você pode comprar o carnê do Baú, e receber as historinhas de Sílvio Santos para as crianças logo após a compra, ou depois dos 12 pagamentos. Qué pagá quanto?

:: FOFÃO
É preciso dizer alguma coisa? Acho que só a menção a esse nome causa arrepio em muita gente que já teve alguma ligação com esse boneco amaldiçoado. Se aquele apresentador de bochechas murchas já era uma piada de mau gosto, a idéia de criar uma versão em brinquedo dele só pode mesmo ter partido de um infeliz que fez pacto com o diabo! Tá, eu sei que o cara não tinha um pacto, mas ao menos era o que as más línguas diziam nos fins dos anos 80. Naquela época, todos os terrenos baldios existentes deviam estar repletos de bonecos do Fofão queimados. Por que? Bem, corria uma terrível história de que dentro do corpo do boneco havia velas pretas, ou vermelhas. Ou um pentagrama pra cima. Ou então uma adaga preta com inscrições. Ou quem sabe um punhal com sangue. A imaginação popular fluiu tanto que alguns contavam que o que existia no boneco era uma espada preta (peraí… uma espada cabia dentro daquele boneco?) com um selo que tinha uma mancha vermelha, e ainda quem encostasse nela teria 7 anos de azar. A fábrica de brinquedos teria feito isso porque o dono da empresa tinha AIDS e fizera um pacto com o demônio para que não morresse até encontrar a cura. Em troca disso, usaria o boneco do Fofão para amaldiçoar as criancinhas, colocando elementos de magia negra dentro dele. Quem tinha esse boneco e realmente resolveu investigá-lo alega que na verdade o que tinha dentro dele era isopor. Mas ainda não chore por sua mãe nunca ter te dado um Fofão por causa da famigerada adaga! Dentro dele havia sim um objeto branco e pontiagudo que lembrava uma adaga. Ele não passava de um suporte usado até hoje em bonecos com cabeça demasiadamente grande, pra que ela não caísse. Tá, sei. O boneco já era menos simpático que o Chucky… depois dessa lenda urbana, ele passou a ser ainda mais assustador que a boneca da Xuxa (é, aquela cujas unhas ficavam grandes e os olhos ficavam vermelhos à noite).

:: BRINQUEDOS DO GUGU
Bem… não que os brinquedos que levavam o nome do apresentador loirinho (…?) fossem bizarros… mas uma coisa que nunca foi compreensível pra mim é por que raios o Gugu Liberato foi escolhido para estampar coisas inocentes como brinquedos para crianças. Ele tinha algum apelo para o público infantil? Creio que não. Carisma? Ah, não me faça rir. Mas se existia a Toca do Gugu por que não podemos criar agora a Toca do Roberto Justus? Seria bastante vendável.

:: KIKOS MARINHOS
Ao lado da descoberta do verdadeiro sexo da Vovó Mafalda, esses kikos marinhos devem encabeçar a lista dos traumas infantis mais graves. Psicanalistas devem agradecer aos céus todos os dias pela tragédia que foi a existência desses kikos. E sim, os Kikos Marinhos são a coisa mais bizarra de toda essa assustadora lista. Deixe-me refrescar sua memória: era o fim dos anos 70. Tudo estava normal até o dia em que começaram a ser vendidos pacotinhos cujo conteúdo eram ovinhos que dariam origem a uma… família de seres vivos! Sim, uma linda família pertencente a alguma espécie primitiva, que qualquer criança podia criar em seu próprio aquário! O treco virou uma febre. Todo mundo comprava o pacotinho em uma loja de brinquedos ou algo que o valha, e recebia junto um aquário, um pacote com os alimentos para seus novos amiguinhos, um purificador de água, e, claro, a promessa de que um dia seria dono de uma verdadeira família de pequenos humanos marinhos pré-históricos. Sim, porque para aumentar a expectativa dos pequeninos, na embalagem tinha uma estampa que mostrava uma família de kikos crescidos: seres amorfos, mas com características bem humanas, diga-se de passagem. O tempo passou, e nenhum kiko virou gente grande. Apesar de algumas crianças felizes jurarem ter visto seus bichos de estimação fumando cachimbo como o tio da embalagem (o que, eu lamento informar, deve ter sido uma pequena ilusão de óptica), foi uma decepção geral: os kikos marinhos eram uma farsa. Não passavam de comedores de plâncton sem graça. Só sei que os criadores dos kikos marinhos devem ter ganhado bastante dinheiro com essa história toda, e devem viver hoje isolados em alguma ilha com muitos seguranças, sombra e água fresca. E kikos marinhos amestrados.

:: TAMAGOTCHIS
Lá pelos idos de 1996, se você não tivesse um tamagotchi, seria tratado da mesma forma que os leprosos eram na Antigüidade. Por todos os cantos se proliferaram uns bichinhos que cabiam na palma da mão, e prometiam ser uma companhia fiel para as crianças – um bom substituto para aquele cachorro poluidor de estimação que as mães tanto amaldiçoavam. Carregado como um chaveirinho, o famigerado bichinho virtual apitava sempre que sentia fome, sede, tristeza, ficava doente ou precisava de um banho. Seu dono, então, precisava suprir as necessidades do bichinho para que este não morresse. Pensando bem, não era algo assim tão divertido. Mas não ache que seu poder era pequeno. Algumas crianças chegavam a ficar deprimidas e doentes quando seus filhotinhos digitais morriam. Mesmo sabendo que era só apertar o botãozinho preto para reiniciar todo seu ciclo de vida. Imagine o que essas criaturas não fariam se vivessem no tempo dos kikos marinhos, então…!

:: URSO PEPOSO
Tudo bem que quem vê cara não vê coração, mas precisava tentar colocar em prática esse ditado popular em um inocente ursinho de pelúcia? A história do Urso Peposo é misteriosa. Imagino que algum fabricante de brinquedo revoltado com a “ditadura da beleza” nos brinquedos tenha se rebelado e posto nas lojas esse ursinho. Para quem não lembra, Peposo era um ursinho de pelúcia com algumas partes de borracha: as mãos, o nariz e a boca eram cor de pele e não possuíam pelúcia. Assim, – quem sabe essa era a intenção dos criadores do brinquedo – ele pareceria um urso com características de boneca, afinal seu dedo era feito de forma com que o bichinho conseguisse colocar o dedo na boca. Não bastasse as partes de borracha dele parecerem implantes cirúrgicos de bonecas em um urso acidentado, o infeliz ainda possuía umas feiosas pintinhas no rosto. Não que sardas no rosto sejam feias… mas um urso sardento não é algo muito lindo. Mas para provar que não é preciso ser belo para ser feliz, Peposo ganhou uma esposa e filhinhos. Bem, ao menos eles não falavam nem se mexiam! Senão, ia ser dureza.

:: BOOH BAHS
E quando a gente achava que não podia haver algo pior que os Teletubbies, vem o horror. Para quem não sabe, a nova produção infantil inglesa que está fazendo sucesso também tem como protagonistas criaturinhas sinistras e coloridas. Elas são tão retardadas quanto seus antecessores, mas têm uma função a mais: enquanto os Teletubbies tratavam a criançada como zumbis adestrados, os Booh Bahs as tratam como zumbis adestrados praticantes de exercícios físicos. Isso porque essas cousas coloridas, além de emitirem sons bizarros, vivem a vida dançando, e nessas voltas eles vão diminuindo. As crianças, abduzidas, imitam seus movimentos, e assim vão perdendo quilinhos extras – ao menos é isso o que os executivos responsáveis pelo programa pensam. Mas o que é pior é que os bichinhos não são meigos e fofos. Eles são peludos, ficam inchados e têm uma cabeça atarracada cheia de perebas. Na minha última visita a uma loja de brinquedos à procura dos pingüins do Madagascar me deparei com um desses, apertei a barriguinha deles pra ouvir os sons que saíam de seus corpinhos peludos e saí correndo. Literalmente. Juro. Esses britânicos não devem amar suas crianças.


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