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Artigo adicionado em 23/05/2006, às 11:29

RENT – OS BOÊMIOS: No saldo geral, é bom. Mas vai penar pra achar público
Paz, amor, liberdade. E um punhado de números musicais. :: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa :: 10 Clipes da Produção: Vários formatos :: Clipe Musical: Season of Love :: Visite o site oficial Então eu começo essa crítica com a introdução clássica das críticas de filmes musicais: trata-se de um musical. Daqueles com […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


:: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa
:: 10 Clipes da Produção: Vários formatos
:: Clipe Musical: Season of Love
:: Visite o site oficial

Então eu começo essa crítica com a introdução clássica das críticas de filmes musicais: trata-se de um musical. Daqueles com personagens que cantam quando acordam, cantam enquanto dormem e cantam quando vão sair pra comprar leite. A única diferença em Rent – Os Boêmios (Rent, 2005) é que, no geral, suas músicas são mais rockzinho dos anos 80 do que aquela toada mais típica de musicais clássicos. Mas isso não quer dizer muita coisa pra quem não gosta de musicais quando vários boêmios miseráveis começam a cantar saracoteando pelo metrô.

Portanto, trata-se daquela velha sentença de sempre: se você não curte musicais, “Rent” provavelmente não é pra você. Agora, se você gosta de musicais porque eles são felizes, puros e bonitinhos… “Rent” muito provavelmente também não é pra você. E é aqui que mora o primeiro problema do filme: ele terá dificuldades em encontrar público, já que a sua temática não é das mais típicas de filmes musicais que fizeram sucesso nos últimos anos. A peça estreou na Broadway há 10 anos atrás, e continua em cartaz até hoje. O musical foi polêmica na época da sua estréia, justamente por causa do assunto um pouco polêmico de que trata (que hoje já é até comum, mas nem sempre foi assim).

“Rent – Os Boêmios” tem vários hinos à anarquia, à liberdade e à vida sem regras, e trata com a maior naturalidade temas como drogas, AIDS e relacionamentos homossexuais (com um casamento lésbico, e alguns beijos entre homens e entre mulheres) – sem nunca chegar a cenas pesadas, certo, mas não deixa de ser subversivo (leia exatamente o que quero dizer por “subversivo” aqui). E o público que gosta dessa temática, em geral, prefere ver um cara mascarado explodindo coisas em nome da subversão, a ver pessoas cantando e dançando em nome da subversão. Não que NÃO HAJA público, mas que ele é formado por um nicho muito específico de pessoas, ah, isso é.

Então tá, independente disso, você já entendeu do que se trata, e resolve assistí-lo mesmo assim. E quer saber se vale a pena? Vale. Ok, “Rent” não é o melhor dos musicais já feitos na face da Terra, tem lá seus defeitos, poderia ter sido melhor, mas cumpre seu papel. É entretenimento, diverte, chega a emocionar, e, de certa forma, passa sua mensagem. Podem até dizer que poderia ter sido mais assim ou mais assado, com uma abordagem mais alternativa e conceitual, com um diretor menos quadrado pra combinar com o tema, mas é bobagem. Claro que é irônico um musical que praticamente xinga a mãe de todo mundo que nasceu com dinheiro e não quer dedicar a sua vida à arte, mas é feito em Hollywood e não tem cara de produção underground… Só que mesmo assim ele não deixa de passar a mensagem, então tudo bem. =D

“Rent” retrata um período na vida de sete pessoas que moram no subúrbio do subúrbio de Nova York (uma Nova York quase nunca mostrada nos sitcoms e filmecos da vida) no começo da década de 90, época em que a AIDS e toda aquela coisa de drogas injetáveis era o assunto do dia. Então temos aqui oito personagens que são amigos e têm seus rolos na vida. Roger (Adam Pascal) está há um ano sem usar drogas depois de ter visto sua namorada morrer de AIDS e ama a sua guitarra acima de todas as coisas. Mark (Anthony Rapp) é o aspirante a cineasta e amigo de todos, talvez o único vindo de uma família estruturada, e mora com Roger. O único que não tem AIDS, mas sofre igualmente, já que vê seus amigos sofrendo e morrendo da doença aos poucos.

Sua ex-namorada, a pirada cantora Maureen (Idina Menzel), o trocou por uma advogada, Joanne (Tracie Thoms). Enquanto isso, Mimi (Rosario Dawson, de Sin City – não é por nada, mas a mais fraca de todas as atuações), a “vizinha de baixo” de Roger, dançarina de uma boate, drogada e também com HIV, tenta ganhar a atenção do vizinho. Collins (Jesse L. Martin) é amigo dessa turma, e abandonou o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), e logo no início do filme conhece o simpático travesti Angel (Wilson Jermaine Heredia), por quem se apaixona. Benny (Taye Diggs) era amigo deles, mas os “traiu” se casando com uma mulher rica e virando “dono da lua”, como diria nosso honorável Cebolinha. E o “rent” do título se refere justamente à dívida – ou aluguel – devido por Roger e Mark para o tal Benny traidor.

Dois dos maiores defeitos da película apontados pela crítica por aí afora foram a) os personagens não foram desenvolvidos de forma correta e b) ele está datado. Bem, isso é em parte verdade e é bom que os espectadores em geral assistam Rent com isso em mente. A falhinha no desenvolvimento dos personagens só é enxergada, na verdade, por quem não é tão acostumado com musicais; afinal, os “musical freaks” como eu já sabem que nesse gênero de cinema, um número musical geralmente sintetiza o que em filmes “normais” duraria várias cenas pra acontecer – por exemplo, todo o chove-não-molha que antecede um relacionamento amoroso – e são raros os bons musicais que conseguem fazer isso sem que pareça superficial.

Já a parte de ser um filme datado, é verdade. Todo o visual dele já é, obviamente, de fins dos anos 80 e início dos 90, afinal ele se passa nessa época. E a temática artistas-que-se-acabam-em-sexo-drogas-e-rock’n’roll-e-morrem-de-AIDS era muito mais atual há uns 20 anos, convenhamos. Ainda assim, isso não atrapalha tanto, já que temas como morte, amor e doença não ficam desatualizados. E, cá entre nós, outro defeito seu são algumas letras um tanto breguinhas que podem incomodar os ouvidos de alguns (e incomodar principalmente os olhos de quem costuma ler as letras apenas nas legendas).

Mas não é exagero dizer que esses errinhos foram salvos pelas atuações. Alá abençoe quem escolheu esse elenco e não resolveu colocar talentos duvidosos-mas-conhecidos nos papéis principais. Com exceção das personagens Mimi e Joanne, todo o elenco do filme é o mesmo da peça original, e por isso quase todos cantam muito, entendem da coisa e interpretam as músicas de forma master-mega competente. Claro, não esqueçamos de que se trata de um musical, e por isso muita coisa – MUITA COISA MESMO – é cheia de glamour, empolgação e exagero, mas se você estiver predisposto, pode soltar uma lágrima ou duas em algumas cenas que são mais naturais do que muito dramalhão sério por aí.

“Rent” é bastante pós-moderninho. Afinal, seu lema é viva la vie boheme. Não tem preconceitos, prega a liberdade de expressão, mas tem aquele probleminha de sempre que costuma aparecer nesses casos: apesar de todo despreconceituoso, às vezes acaba tratando como “vendidos” todos aqueles que, bem… aqueles que têm uma família bonitinha, não costumam passar a noite no triunvirato “sexo, drogas e rock’n’roll” e trabalham pelo menos pra pagar o aluguel. Mas já vi filmes – e pessoas – que fazem esse julgamento de forma muito pior, então “Rent” não é dos piores espécimes nesse aspecto. E, independentemente de você fazer parte dos “boêmios” ou dos “não-boêmios” fica a mensagem final que vale pra todo mundo: parar de ficar se preocupando com futilidades, aproveitar a vida ao máximo a seu modo e amar acima de tudo. E ocasionalmente sair cantando por aí também. =D

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– Se Mark é judeu, por que raios a sua família liga pra ele e diz que vai sentir sua falta no Natal?

– As atrizes que vivem Mimi e Joanne na Broadway (Daphne Rubin-Vega and Fredi Walker, respectivamente) não participaram do filme, já que Fredi Walker foi considerada velha demais para o papel, e Daphne, além de também estar um pouco velha para o papel, estava grávida no início das filmagens.

Rent – Os Boêmios (Título original: Rent) / Ano: 2005 / Produção: Estados Unidos / Direção: Chris Columbus / Roteiro: Stephen Chbosky, baseado em musical de Jonathan Larson / Elenco: Anthony Rapp, Adam Pascal, Rosario Dawson, Taye Diggs, Jesse L. Martin, Wilson Jermaine Heredia, Idina Menzel, Tracie Thoms / Duração: 135 minutos.


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