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Artigo adicionado em 21/08/2006, às 05:40

A DAMA NA ÁGUA: simplesmente um conto de fadas
But here is a warning…it’s not your average Shyamalan! LEIA TAMBÉM: ::: O ESTRANHO MUNDO DOS CONTOS DE FADAS ::: CONHEÇA A VIDA E OBRA DE M.NIGHT SHYAMALAN Em seu lançamento nos Estados Unidos, A Dama na Água, nova película do diretor indiano M.Night Shyamalan, não foi exatamente uma unanimidade – seja de público (já […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


LEIA TAMBÉM:

::: O ESTRANHO MUNDO DOS CONTOS DE FADAS
::: CONHEÇA A VIDA E OBRA DE M.NIGHT SHYAMALAN

Em seu lançamento nos Estados Unidos, A Dama na Água, nova película do diretor indiano M.Night Shyamalan, não foi exatamente uma unanimidade – seja de público (já que os resultados de bilheteria por lá foram bem medianos para um orçamento de aproximadamente US$ 70 milhões), seja de crítica (ouve quem alardeasse aos quatro ventos que se trata do pior filme do ano). Pois bem, vamos evitar os exageros de costume e tentar ser coerentes: “A Dama na Água” é um filme dirigido por M.Night Shyamalan. Mas não é o que se convencionou chamar (e pensar) como “um filme de Shyamalan”. O que isso quer dizer? É simples: não espere ver nenhuma das principais marcas registradas de seus filmes anteriores, como O Sexto Sentido, Sinais, Corpo Fechado, A Vila e demais. Esqueça a tensão, o suspense, as muitas viradas na trama e, principalmente, o diacho do final surpresa. “A Dama na Água” não é um filme de terror e/ou thriller ou qualquer destas definições típicas de videolocadora. Mantenha isso em mente e você não vai se arrepender.

“A Dama na Água” é apenas, como o próprio Shyamalan já tinha prometido desde que anunciou a produção, uma simpática e bonitinha fábula moderna a respeito dos contos de fadas. É puro entretenimento. Daqueles bem fofinhos, que você assiste com o coração, como se tivesse voltado a ser criança. Aliás, a idéia da película é justamente essa: discutir se ainda existe espaço no mundo de hoje para voltar a sonhar. Para acreditar em mitos, em lendas, em fantasias, naquelas histórias de seres mágicos que a gente ouvia das nossas avós na hora de dormir. Não pense, no entanto, que a inocência da película e dos temas abordados a transformam automaticamente em candidato à “Sessão da Tarde”. Com ou sem final surpresa, Shyamalan é um ótimo cineasta – e conduz a história com a competência habitual e com um timing muito interessante, lento e sutil na medida certa. Fãs de Velozes e Furiosos vão ficar definitivamente de saco cheio e devem abandonar o cinema na metade da exibição.

Na história, somos apresentados a Cleveland Heep (Paul Giamatti, de A Luta Pela Esperança) – o bonachão zelador de um condomínio de classe média. Heep conhece cada centímetro do local e mantém uma relação de amizade e respeito com cada um dos moradores – que, bem ou mal, acaba considerando sua família. Sempre solitário e preenchendo 100% o estereótipo básico do natural born loser, Heep esconde um segredo em seu passado – que nós só vamos descobrir bem depois, quando o sujeito encontra a pessoa que andava nadando na piscina do prédio durante a noite: a bela menina cujo nome é apenas e tão somente Story (Bryce Dallas Howard, a cega de “A Vila” e que poderemos ver no ano que vem como a Gwen Stacy em um certo aracno-filme…).

Encontrada nua e assustada, ela fala muito pouco. E tudo que ela diz sobre si mesma, para deixar Heep ainda mais confuso, é…narf. Não, não estamos falando da interjeição usada pelo obtuso ratinho de laboratório Pinky. Mas sim de uma ninfa do mar – conforme Heep descobre com a ajuda da estressada senhora coreana Choi (June Kyoto Lui, hilária) e de sua globalizada filha Soon (Cindy Cheung, para deixar o Emílio Elfo maluco), que acaba servindo como tradutora. Story seria, então, uma espécie de personagem de contos de fadas? Pois é. Uma ninfa que veio do chamado Mundo Azul para o nosso universo em busca de um “escolhido”, alguém que pode ajudar a abrir os olhos da humanidade, e que agora está tentando voltar para casa. O grande problema é que Story está sendo caçada, e sua missão não vai ser tão fácil assim. Vai caber ao nosso “herói” e demais moradores do condomínio a tarefa de ajudar Story antes que seja tarde. Contar mais do que isso tiraria boa parte da graça do filme, acredite.

No fim das contas, o segredo deste “A Dama na Água” está justamente nos deliciosos personagens que circundam Heep e Story. É claro que Giamatti entrega sua interpretação com a competência habitual (até em Sideways, que eu achei abominável, sou obrigado a admitir que ele está bem), conquistando o espectador já na primeira gaguejada de timidez. Mas Shyamalan acerta a mão mesmo com os coadjuvantes – desde Choi e sua filha até a idosa que coleciona animais de estimação, passando pelo grupo de maconheiros que ficando o dia todo falando sobre o nada, pela numerosa família de latinos, pelo viciado em palavras cruzadas, pelo esquisito que só exercita um dos lados do corpo, pela vizinha fofoqueira e seu marido que fica a maior parte do tempo trancado no banheiro e até pelo aspirante a escritor que não consegue mais escrever (vivido pelo próprio Shyamalan, em seu maior papel até então). Todos muito verdadeiros e divertidos – e essenciais para a conclusão da trama.

Um dos destaques foi a acertadíssima inclusão de um certo Mr. Farber (Bob Balaban, o William Shawn de Capote), morador recém-chegado ao local. Trata-se de um arrogante e insuportável crítico de cinema que enxerga os filmes (e o mundo) sob fórmulas esquemáticas e absolutamente pessimistas e mal-humoradas (“Por que as pessoas gostam de ficar paradas conversando sob a chuva?”, reclama ele). Próximo do desfecho, Farber ganha papel fundamental – e protagoniza um verdadeiro petardo, uma crítica direta e reta de Shyamalan aos críticos norte-americanos e que, se for bem analisada, se encaixa como uma luva para demais correlatos em diversas partes do mundo, incluindo em um certo país sul-americano onde se fala português…

“A Dama na Água” fala sobre o mundo de hoje, sobre eu e você. Sobre um planeta açoitado pela guerra, pela fome e pela violência; de uma sociedade cada vez mais acelerada e competitiva, sempre correndo, que não tem mais tempo para as pequenas doçuras da vida. Para parar um pouquinho e ouvir uma simples histórias de ninar. “A Dama na Água” pode ser um filme um tanto datado, com os pés fincados no passado, difícil de engolir para a geração “Matrix” em altíssima velocidade. Talvez até nem seja mais possível de acreditar. Mas a questão é: você QUER acreditar? Eu sei que quero.

::: CURIOSIDADES :::

– “A Dama na Água” estava originalmente programado para ser lançado pela Disney, que produziu os quatro filmes anteriores do diretor, mas M. Night Shyamalan decidiu sair depois de “diferenças criativas” (reza a lenda que a Disney teria pedido a ele para retirar o personagem do crítico de cinema) e acabou indo com o projeto para a Warner Brothers. Esta separação rendeu material para o livro The Man Who Heard Voices: Or, How M. Night Shyamalan Risked His Career on a Fairy Tale (“O Homem que Ouvia Vozes ou como M. Night Shyamalan Arriscou Sua Carreira com um Conto de Fadas”), escrito por Michael Bamberger.

– A trama do filme é baseada em uma história de ninar escrita por Shyamalan para os seus filhos.

– Embora Giamatti fosse a primeira opção do cineasta para o papel principal, Kevin Costney chegou a ser considerado.

– Feliz por ter descoberto a desconhecida Cindy Cheung, o diretor ficou chocado quando o agente da moça pediu um salário de US$ 1 milhão para que ela participasse do filme. Shyamalan estava preparado para pagar o mínimo solicitado pelo sindicato SAG (Screen Actors Guild), que era US$ 65.000, quando eles chegaram a um acordo: US$ 100.000.

– O diretor queria que o set de filmagens ficasse no máximo a 45 minutos de sua casa, na Pensilvânia. Ele cronometrou o percurso e obteve o resultado de 43 minutos. Perfeito.

A Dama na Água (Título original: The Lady in the Water) / Ano: 2006 / Produção: EUA / Direção e Roteiro: M.Night Shyamalan / Elenco: Paul Giamatti, Bryce Dallas Howard, Jeffrey Wright, Bob Balaban, Sarita Choudhury, Cindy Cheung, Freddy Rodríguez / Duração: 110 minutos.


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