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Artigo adicionado em 15/08/2006, às 05:29

SERPENTES A BORDO: AS RAÍZES DO FENÔMENO
Como um filme destinado ao mercado “trash” tornou-se o mais recente queridinho da web LEIA TAMBÉM: ::: SERPENTES A BORDO: A CRÍTICA DO FILME! ::: PERFIL: O BADASS SAMUEL L. JACKSON! ::: SNAKES ON THE MOVIES: FILMES DE SERPENTES! ::: MOVIES ON THE PLANE: FILMES DE AVIÕES! Um monte de cobras atacando os passageiros dentro […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


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::: MOVIES ON THE PLANE: FILMES DE AVIÕES!

Um monte de cobras atacando os passageiros dentro de um avião. Simples assim. Para a maior parte das pessoas, esta idéia de sinopse para um filme poderia soar como um fracasso imediato. Bem…aposta errada. Afinal, definitivamente não foi o caso de um certo Serpentes A Bordo (“Snakes on a Plane”), que chega esta semana ao Brasil. “Geralmente, vemos este tipo de energia sendo gerada por algo como ‘Star Wars’, que tem um elo de ligação estabelecido com o público”, opina David Waldon, autor do livro Snakes on a Plane: The Guide To Internet Ssssssensation, em entrevista à revista Entertainment Weekly. “As pessoas sabiam pouquíssimo sobre o filme quando começaram com isso e continuam sem saber mesmo agora”, brinca.

A “energia” à qual Waldon se refere são os milhares de sites, blogs, fotologs, fóruns e afins dedicados ao filme, em uma declaração de amor absolutamente espontânea e inesperada por qualquer um dentro do departamento de marketing da New Line Cinema, o estúdio responsável pela película. Basta uma busca simples no Google para encontrar músicas feitas em homenagem a “Serpentes”, trailers, animações e vídeos com finais alternativos, novas versões e idéias para continuações e, é claro, uma enorme quantidade de materiais como canecas, bonés e camisetas, todos não-oficiais. E tudo isso colocado no ar muitos meses antes de sua estréia oficial nos EUA, que aconteceu apenas no último dia 18 de agosto. Afinal, como foi que tudo isso se tornou esta verdadeira bola de neve, ainda maior do que aconteceu outrora com A Bruxa de Blair (1999)?

Tudo começou em 99, quando o produtor Craig Berenson pegou o projeto em mãos. Na época um executivo da Patchwork Productions, subsidiária da Dreamworks, ele apareceu em uma reunião informal com um conceito baseado em um roteiro de David Dalessandro: Venom. Sua apresentação para o restante dos executivos foi mais ou menos assim: “Pegue os dois maiores medos que as pessoas têm – medo de cobras e medo de avião – e coloque-os juntos a mais de 9.000 metros de altura para ver o que acontece”. Então, ele surgiu com o titulo “Snakes on a Plane”. A sala inteira se revoltou. Por pouco ele não foi vaiado. Mas Berenson levou como um bom sinal: “Uma reação visceral é metade da batalha ganha. Sob meu ponto de vista, valeu ouro”.

Depois de comprar os direitos de Dalessandro, Berenson desenvolveu o conceito ao lado de seu assistente, o escritor John Heffernan. Mas o acordo de lançamento com a MTV Films acabou sendo abortado por conta da fobia de aviões ocasionada pelos atentados de 11 de setembro de 2001. Como pensar em fazer um filme-catástrofe nos ares depois de tudo que aconteceu no WTC? Depois de alguns “vais-e-vens”, as negociações de Berenson fizeram com que o projeto fosse adquirido pelo New Line e, depois de dois anos de roteiros reescritos, o acabou caindo nas mãos do diretor Ronny Yu (Freddy x Jason).

Mas não demorou muito e, quatro meses depois, Yu abandonou a produção por conta das sempre presentes “diferenças criativas e orçamentárias”, desculpas recorrentes na terra do cinema. Sua última contribuição foi justamente conseguir a presença do astro Samuel L.Jackson, com quem trabalhara em Fórmula 51 (ou “Rachas, Baladas e um Louco de Kilt”, de 2002). Bastou apenas um e-mail para que Jackson se interessasse pelo filme, que reunia três de seus gêneros favoritos: filmes clássicos de monstros, horror descompromissado moderno e, conforme garantia a presença de Yu, artes marciais.

A própria New Line não acreditou que Jackson estivesse realmente interessado no filme. Mas o pior é que era verdade. “Meus agentes finalmente entenderam que eu só faço o que eu quero”, brinca ele, que recentemente trabalhou para a New Line na singela comédia O Cara. O estúdio tratou de correr para substituir Yu e encontrou a pessoa certa em David R.Ellis, um ex-dublê transformado em diretor que já tinha um relacionamento de longa data com a New Line graças ao seu trabalho em e, mais tarde, no surpreendente Celular: Um Grito de Socorro. Jackson já tinha trabalhado com Ellis antes, já que o sujeito tinha sido diretor de segunda unidade (uma espécie de assistente na hierarquia hollywoodiana) em Esfera (1998) e Do Fundo Do Mar (1999). Tudo que Jackson queria saber era: “O filme ainda se chama ‘Snakes on a Plane'”? Eles responderam que sim, e ficou tudo bem.

Mas então, quando Jackson chegou ao set de filmagens em Vancouver, no Canadá, pouco tempo depois e descobriu que a película tinha sido renomeada para Pacific Air 121 (o nome do avião do filme), por muito pouco a vaca não foi para o brejo. De acordo com Toby Emmerich, presidente da New Line, eles tinham medo de que ninguém quisesse ir ao cinema para ver um filme chamado “cobras em um avião”. E estava complicado encontrar outros atores para a película. “Basicamente, estávamos preocupados com a mesma coisa que todos os outros se preocupavam: dá para levar a sério um filme chamado ‘Snakes on a Plane'”?, explica Russell Schwartz, presidente de distribuição da New Line nos EUA. Mas ao que tudo indica, Jackson estava levando a coisa bem a sério. Diversas vezes durante entrevistas coletivas do filme “O Cara”, o ator pressionou publicamente o estúdio para que eles retomassem o título antigo. “A única razão para eu ter aceitado participar do filme foi o título original”, disse Jackson, na época. A imprensa finalmente tinha acesso ao assunto – e os internautas também. Começou, de maneira tímida, o burburinho cibernético. E quando a New Line voltou atrás e assumiu “Snakes on a Plane” como título oficial, pronto: a caixa de pandora se abriu. E a internet se rendeu a estes répteis implacáveis e seu caçador voraz: Jackson, que se tornara o maior entusiasta e porta-voz da produção.

“De fato, o título do filme foi escolhido de acordo com o nome adotado por milhares de sites na internet”, conta Elissa Greer , do departamento de marketing da New Line, em entrevista à agência de notícias AFP. “É extraordinária a forma como este fenômeno ganhou vida própria”.

“O título do filme é tão claro e direto. Você sabe exatamente o que vai receber”, tenta explicar Brian Finkelstein, jovem criador do site Snakes On a Blog (www.snakesonablog.com) e um dos grandes incentivadores do filme. Em seu blog, Finkelstein mostra tudo que encontra pela internet a respeito do inegável fenômeno, reunindo a maior quantidade de bizarrices possível. “O público quer ou não quer ver este filme”, declarou Jackson recentemente durante a convenção San Diego Comic Con, realizada na Califórnia. “Para as pessoas que têm medo de voar e para aqueles que temem as serpentes, este filme inclui os dois terrores”, concluiu o ator.

O apoio dos fãs ao filme acabou sendo devidamente recompensado: pronto desde 2005, “Serpentes” tinha sido originalmente pensado para obter a censura ianque de proibido para menores de 13 anos desacompanhados. Mas a New Line resolveu ceder aos apelos da comunidade internética e…bingo. Ellis rodou novas cenas, acrescentando ainda mais sangue, violência, sexo e palavrões, E a censura foi às alturas: proibido para menores de 17 anos. E a frase mais pedida de todas acabou entrando no roteiro: I’ve had it with these motherfucking snakes on this motherfucking plane (Algo como “Já cansei destas cobras de m**** nesta p**** de avião”), que Jackson diz a plenos pulmões com todo o seu jeito cool nigga badass de ser.

E mais: graças a um concurso realizado na internet (mas é claro.) em parceria com o site de comunidades TagWorld (www.tagworld.com), a canção Snakes on a Brain, do grupo independente Captain Ahab, acabou entrando para a trilha-sonora oficial do filme (pode ser ouvida no encerramento dos créditos finais). E para completar a festa de produtos relacionados, vêm aí ainda um romance escrito por Christa Faust e um gibi especial, a ser publicado pela DC Comics (confira aqui). Haja fôlego.

Depois das mais de 6.000 pessoas se aglomerando, no último dia 21/07, para ver um clipe de 10 minutos do filme na Comic Con, a New Line ficou ainda mais segura de seu lançamento – e decidiu, de maneira polêmica, não fazer exibições da película para a imprensa, o que pode significar para alguns que vem bomba a caminho. O próprio ator principal não concorda. “Eles não precisam ver o filme”, diz Jackson sobre os críticos. “Queremos é ver nos cinemas o moleque de treze anos que toda sexta-feira vai ao shopping para ver filmes. Eu respeito as pessoas que vão ver este filme, porque elas sabem do que gostam. Elas gostam de O Massacre da Serra Elétrica, O Albergue, Jogos Mortais. Eu também gostei deste filmes. Eu gosto de ver pessoas se f*dendo em estranhas e divertidas situações. Tem um monte como eu aí fora”. Durante a sua apresentação no MTV Movie Awards 2006, quando anunciou o agraciado com o prêmio de “melhor filme”, Jackson foi ainda mais longe e disse que, no ano que vem, “Serpentes” vai estar levando aquela estatueta para casa, sem sombra de dúvidas.

Na estréia norte-americana de “Serpentes”, veio a surpresa: o filme fez menos da metade da bilheteria aguardada pelo mercado em sua abertura. “O fenômeno foi alimentando o fenômeno e a coisa toda cresceu mais do que deveria, dando a falsa impressão de que o filme era aguardada por mais gente do que era de verdade”, teorizaram alguns analistas de marketing. “Nem tudo que faz sucesso na internet se torna de fato um sucesso no mundo real”, bradaram outros. “A New Line demorou demais para lançar o filme enquanto alimentava o ‘fala-fala’ na internet”, completaram mais especialistas. Vamos deixar esta discussão para eles. O que nos interessa mesmo é o filme – que você já pode conferir em um cinema mais perto de você.


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