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Artigo adicionado em 26/09/2006, às 02:57

POR DENTRO DAS PÁGINAS DA DRAGÃO BRASIL
As portas estão abertas – seja bem-vindo! 🙂 Há um ano, a maior revista nacional de RPG e que durante anos serviu como referência e porta de entrada para algumas gerações de mestres e jogadores mudou de mãos. A antiga e lendária equipe capitaneada pelo chamado “Trio Tormenta” (Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M.Trevisan) deu […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Há um ano, a maior revista nacional de RPG e que durante anos serviu como referência e porta de entrada para algumas gerações de mestres e jogadores mudou de mãos. A antiga e lendária equipe capitaneada pelo chamado “Trio Tormenta” (Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M.Trevisan) deu lugar a um time forjado justamente na internet – e que promoveu uma série de modificações editorais e também de postura, promovendo uma pequena revolução nas páginas da DB.

Em entrevista exclusiva ao site A ARCA, o atual editor da DB, Marcelo Telles, abriu o coração e falou de todas as dificuldades pelas quais a publicação vem passando nos últimos meses, comentou as polêmicas envolvendo os fãs e a antiga turma de editores e revelou detalhes sobre os bastidores do universo do nosso hobby favorito. Confira:

A ARCA: Para começo de conversa, peço que você faça um balanço deste 1 ano à frente da “Dragão Brasil” – que, apesar dos acidentes de percurso no passado, é a maior e mais conhecida revista brasileira do mundo RPGístico tupiniquim?
Marcelo Telles: Foi um ano muito difícil, muito complicado por conta do Caso Guarapari (outro crime em que o RPG foi envolvido injustamente), que causou a maior crise que o mercado brasileiro de RPG já teve. As vendas de todos os produtos caíram drasticamente e a da revista não foi exceção. Além disso, foi um ano de aprendizado e de aprimoramento para mim e minha equipe, pessoas sem experiência que encararam o desafio de assumir a mais antiga revista brasileira de RPG. A gente ia fazendo e aprendendo a fazer a revista ao mesmo tempo. Então, tudo foi muito difícil e árduo.

AA: Antes de mais nada, um pouco de história, para aqueles que não estão assim tão antenados: por que a antiga equipe que cuidava da “Dragão Brasil” resolveu se afastar e como foi que vocês foram convidados para assumir o controle? Vocês aceitaram o convite de primeira ou rolou uma espécie de receio inicial?
MT: Sobre a saída dos antigos editores eu prefiro não comentar. Existem processos judiciais em curso e, até que a justiça se pronuncie, ninguém tem autoridade para falar nada. Nada do que se diz por aí é procedente. E isso é uma questão que envolve eles e a editora, sobre a qual eu e minha equipe não temos nenhum envolvimento. Mais de um mês após os antigos editores terem anunciado publicamente a saída deles, eu entrei em contato com a editora para saber sobre o futuro da revista, porque eu colaborava com as Notícias do Bardo. Para minha alegria, eles tinham total conhecimento do nosso trabalho com a REDERPG (www.rederpg.com.br) e planejavam entrar em contato comigo. Depois do telefonema passei o dia inteiro pensando sobre o assunto, conversei com a Dri (NdoE: Adriana Almeida, esposa do Telles e webmaster da REDERPG) e com algumas pessoas da minha equipe. No dia seguinte eu liguei novamente e fiz uma proposta de trabalho. Duas semanas depois recebemos o ok e começamos a trabalhar na edição 112, a primeira sob o nosso comando.

AA: E qual foi a principal dificuldade que vocês sentiram ao assumir o controle da revista?
MT: Tínhamos muita experiência com netbooks, mas uma revista em papel é muito diferente, outra mídia, outra linguagem… Enquanto um netbook pode não ter um limite de páginas, o material de uma revista precisa caber em 64 páginas. Então a principal dificuldade foi nossa própria inexperiência. A segunda foi a própria limitação do mercado brasileiro. O mercado brasileiro, até então, era um mercado de pouco escritores, um mercado fechado. Apenas meia dúzia de escritores haviam lançado mais de dois livros. Um mercado de meia dúzia de profissionais é um mercado medíocre. Estamos procurando fazer crescer o nosso mercado, abrindo espaço para novos escritores e artistas, procurando ensinar jovens a serem profissionais. Já fazíamos isso com a REDERPG, agora fazemos com uma amplitude ainda maior com a DB.

AA: Quais foram as principais mudanças que vocês implementaram na revista?
MT: Fomos fazendo várias mudanças técnicas, que culminaram no novo projeto gráfico que estreou com a edição 120. Mantivemos aquilo que o público gostava, como a Dicas de Mestre e voltamos ou implementamos setores que eles curtem, como as aventuras e os mini-cenários. A linha editorial da revista mudou também, sendo mais madura, séria e profissional, procurando defender a imagem do nosso hobby perante a sociedade, por causa do desgaste de casos como o de Guarapari. Hoje ela é uma revista voltada para todo o mercado e não para um único estilo, cenário ou sistema. A DB hoje é uma revista plural e de qualidade.

Mas acredito que a principal mudança foi a de postura. A DB, antes, era rejeitada, duramente atacada pela maioria dos jogadores. Se os antigos editores tiveram o mérito de criar o “seu” público, em contrapartida eles criaram um “anti-público” muito maior. Quando se falava na DB no orkut, por exemplo, os jogadores caíam de pau em cima (e ainda caem em relação aos antigos editores). Hoje a revista é minimamente respeitada. Ela ainda precisa evoluir mais, para mostrar que vale a pena comprar ou voltar a comprar a revista, e não apenas mostrar que ela melhorou. Ao contrário do que acontecia antes, procuramos sempre ouvir o público, via todos os meios de que dispomos. Então, todas as mudanças têm sido feitas no sentido que os jogadores têm indicado com o feedback que recebemos. E o mais importante: o jogador é tratado com respeito, por mais pueril que seja o seu comentário ou dúvida.

AA: E como vocês sentiram a reação dos fãs a esta mudança de comando – já que, apesar do sucesso de produtos como “Tormenta” e “Holy Avenger”, a publicação vinha sendo constantemente criticada por diversos mestres e jogadores justamente por dar atenção demais aos produtos 3D&T?
MT: Basicamente, podemos dizer que o público mais fiel aos antigos editores seguiu com eles para a outra publicação. Mas uma parte continuou com a gente e outros voltaram a comprar a revista. Mas o mais importante é que a revista deixou de ser ridicularizada, como acontecia antes. Infelizmente, só isso não basta. Com essa crise, precisamos aumentar as vendas, por isso estamos passando por uma reformulação no conteúdo da revista. Precisamos formar novos jogadores, criar mais mercado.

AA: Atualmente, é possível para vocês viver apenas e tão somente da revista ou cada membro da equipe tem um emprego tradicional para se manter de verdade?
MT: Todos possuem outro empregou ou estudam, começando por mim, que sou professor. Ninguém da equipe vive de RPG, infelizmente.

AA: Recentemente, Marcelo Cassaro, um dos cabeças da antiga “Dragão”, deu uma entrevista à revista “NeoTokyo” na qual criticou abertamente a nova gestão da “Dragão Brasil” e afirmou que agora a “Dragão Brasil” estaria “dando prejuízo e se aproveitando de reencadernações e relançamentos dos títulos antigos para sobreviver”? Você leu esta entrevista? O que achou desta postura? E mais: chegou a ver a “Dragon Slayer”, nova revista produzida por Cassaro e cia? Tem algum comentário a fazer?
MT: Por questões éticas, não vou comentar sobre a Dragon Slayer, Tormenta e outros trabalhos deles. Esse foi apenas um de muitos ataques que recebemos por parte dele e de pessoas associadas a ele. Isso é a síntese da mediocridade do mercado brasileiro de RPG. Se o nosso mercado fosse um mercado de verdade, um sujeito desses nunca mais publicaria nada. Somos carentes de bons profissionais, como editores com capacidade profissional e moral de colocar o ego de alguns escritores no seu devido lugar.

Quanto aos prejuízos, sem dúvida nenhuma o Cassaro entende muito mais disso do que eu. Os tais “sucessos” que ele alardeia deram tanto prejuízo à Talismã que eles preferiram entregar a Dragão Brasil na mão de uma equipe inexperiente, do que ele continuar com ela ou lançando outros “sucessos”. Esse é o verdadeiro motivo dos ataques dele: ele queria continuar fazendo a DB como freelancer, ao mesmo tempo em que fazia a Dragon Slayer. A editora preferiu entregar a revista para a gente.

Depois disso, os fracassos do Primeira Aventura e dos três primeiros números da Dragon Slayer fizeram a Mantícora deixar de ser uma editora e virar um estúdio. Ao mesmo tempo, ele fez a RPGMaster com a Mythos, outro fracasso. Agora temos o 4D&T com a JBC e a DS pela Escala. Não vi o 4D&T ainda nas bancas. Se for apenas para lojas especializadas, não acredito que seja bem-sucedido. Quanto à DS pela Escala, acho que ela terá vida curta, apesar de ter a NeoTokyo para puxar as suas vendas. Mas já cumpriu o papel que o Cassaro queria, que foi prejudicar a DB. Por fim, a editora tem todo direito de se livrar de seu encalhe. Nenhum dos produtos da editora que vieram de brinde em nossas edições estavam vendendo alguma coisa. Ela está fazendo uma série de edições encadernadas justamente para se livrar desse material.

AA: Aproveitando o momento “direito de resposta”, circula um e-mail pela internet fazendo comparações entre a nova “Dragão” e a antiga. Entre os pontos mais polêmicos estão “fez 5 edições em 12 meses e ainda se diz mensal”, “é feita por um moderador de fórum e diagramada por sua esposa”, “está no bolso da Devir”, “elogia jogos ruins, deixando p* os leitores que acreditaram e compraram esses jogos”, “é tão picante quanto água morna” e as recorrentes “é feita para os usuários da REDERPG” e “comemora esses 11 anos como se fossem seus”. Nos bastidores, há quem diga que foi o próprio “Trio Tormenta” (Cassaro, Saladino e Trevisan) que formulou esta mensagem, embora não existam provas a este respeito. O que você tem a dizer?
MT: Olha, a única coisa verdadeira naquele e-mail é que eu sou professor e que a Dri é minha esposa. O resto é um monte de bobagens e mentiras que tem por base os inúmeros factóides que o Cassaro criou nesses anos todos. Nem contar a pessoa que escreveu sabe, pois em um ano lançamos 9 edições, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos, como os problemas de distribuição da revista. Apenas para dar uma dimensão da besteira deste tal e-mail, uma coisa que ele disse foi que eu não gosto de mangá e anime. Pois bem, eu coleciono mangá (Lobo Solitário, Vagabond, Blade, Eden, Chonchu, etc) e assisto anime desde o tempo em que a gente simplesmente chamava de “desenho animado japonês”.

Esse foi apenas mais um capítulo de uma série de ataques baixos que sofremos, por pessoas ligadas a eles. A questão aqui é que a DB precisa ser uma revista de RPG, não do gosto pessoal de seu editor. Por isso a DB do Cassaro era ridicularizada pelos jogadores mais experientes e a atual não. Por isso estamos dando um tempo com a temática anime/mangá e estávamos re-introduzindo ela aos poucos, porque o seu excesso mais a overdose dos produtos da casa desgastaram a revista, isso sem falar nas resenhas tendenciosas e no sistemático desrespeito aos leitores. Animé e mangá voltarão a aparecer na DB, na medida certa e com qualidade. Nada de tosqueiras como “Acuidade com Arco”.

AA: Aproveitando o embalo: como anda, na opinião de vocês, o mercado de RPG nacional? Os independentes e os brasileiros estão conseguindo ganhar o seu espaço ou a hegemonia entre os RPGistas brasileiros continua sendo da tríade “Vampiro / D&D / GURPS”?
MT: Na verdade, temos o D&D (principalmente) e o Vampiro. Depois os demais gêneros e sistemas. O Daemon e o RPGQuest possuem um bom público, mas os independentes têm o seu espaço apenas no circuito alternativo mesmo.

AA: O que falta para o RPG deslanchar de vez no Brasil?
MT: Muita coisa. Tudo mudou, principalmente com a internet. Há 10 anos atrás os jogadores iam aos encontros para aprender novos jogos, conhecer outros jogadores, etc. Hoje em dia a internet supre isso e muito mais. Muita gente acha que encontra o tipo de material que a revista oferece na internet, o que não é verdade. E com isso as vendas não têm aumentado e os encontros andam vazios. Temos atualmente muito mais encontros que a 6 anos atrás, mas o público tem sido pequeno.

AA: Qual é a posição oficial da “Dragão” com relação aos tão famosos crimes envolvendo o jogo no Brasil?
MT: Ela foi expressa na Carta Aberta aos Pais e Responsáveis, que saiu na edição 113, na época do caso Guarapari. Recomendo a divulgação dela para quem precisar.

AA: O que podemos esperar para o futuro da “Dragão Brasil”? Que planos vocês têm preparados?
MT: O futuro da revista é incerto. Estamos preparando a edição 121 reformulada e procurando as melhores estratégias para enfrentar a crise. Tudo dependerá das vendas e da receptividade dessa próxima edição.

AA: Existe alguma intenção de lançar um cenário e/ou um novo sistema, como a antiga “Dragão” fez com “Tormenta”?
MT: Estávamos a ponto de lançar o novo cenário oficial da revista, o “Crônicas da 7a Lua”, mas ele agora está em “stand by” até que a situação da DB se defina. Tudo dependerá da continuidade ou não da Dragão Brasil.

AA: Onde a “Dragão Brasil” pretende chegar?
MT: No momento, sobreviver a essa crise e depois seguir em frente, trabalhando para o crescimento do RPG no Brasil. Se conseguirmos superar esse momento difícil, aí poderemos voltar a dar passos mais largos.


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