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Artigo adicionado em 10/10/2006, às 01:38

O GRITO 2: começa bem, embola no meio e estraga no final
Primeiro a Kayako enfrentou a Buffy. Agora, ela enfrenta a Joan of Arcadia. Quem será a próxima? A Lorelai, a Xena ou a Witchblade? :: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa | iPod :: Notícias relacionadas: aqui, aqui, aqui e aqui :: Visite o site oficial Seja sincero: quando você pensa em assistir a […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


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Seja sincero: quando você pensa em assistir a um filme como O Grito, thriller que põe nossa querida amiga Sarah Michelle Gellar (para quem não sabe, a gloriosa Buffy) enfrentando uma bisonhíssima assombração nipônica, você realmente espera algo profundo e consistente? Claro que não. Resenhar um longa-metragem desta espécie é até relativo, porque produtos como “O Grito” são fabricados com a única intenção de entreter a platéia com pelo menos uma hora e meia de sustinhos divertidos. Então, é óbvio que, ao ler uma resenha de um filme como “O Grito”, você não encontrará declarações apaixonadas e/ou adjetivos como “ótimo”, “fantástico”, “marcante”, “excepcional” e afins – ainda que algumas produções que seguem este estilo consigam ultrapassar esta barreira e resultar em trabalhos ótimos, fantásticos, marcantes, excepcionais e todos estes adjetivos (“Abismo do Medo” é um ótimo exemplo).

Independente disto, cá entre nós, sou um dos poucos mortais espalhados pelo planeta que se divertiram a valer com “O Grito” (como você pode ler na crítica da película – não leu, clica aqui e seja feliz). Tudo bem, a história é chinfrim, terror não tem nenhum e as pseudo-atuações de Sarah Michelle Gellar e Jason Behr são de doer a medula… mas em contrapartida, a fita é bem climática e traz uma série de sustos bastante competentes, alguns deles até imprevisíveis. Isto obviamente não o torna um clássico, mas como fã de cinema de horror, devo admitir que, para mim, “O Grito” foi bem-sucedido em sua proposta e ficou à frente de muito filmeco que andou explodindo nas telonas por aí. Meu ponto de vista, claro – isto não é uma imposição. Logo, por favor não me xingue. Por enquanto. 🙂

Então… uma perguntinha: o fato de não esperarmos nada além de “um punhado de sustos” da inevitável seqüência do longa, O Grito 2 (The Grudge 2, 2006), o converte automaticamente em um bom filme? Resposta: NÃO. Como eu disse lá em cima, qualquer trabalho sem pretensões pode ser bom, basta que seja feito com competência. O inverso também vale, e é exatamente o que “O Grito 2” é. Para resumir em uma linha: é mesmo uma fita feita só para pregar sustos, mas é tão ruim que nem isso consegue fazer direito. Putz.

O problema todo da película, novamente comandada por Takashi Shimizu (o mesmo de “Ju-On: The Grudge”, a versão original), é um só: o fato de ser um confesso caça-níqueis, fabricado apenas para pegar carona na cauda do sucesso do primeiro filme, tirou toda a preocupação do roteirista Stephen Susco em criar uma trama com um mínimo de coerência e respeito com suas origens. Aqui, se vê a todo momento que o roteiro e a direção estão pouco se lixando para qualquer espécie de coesão; só o que eles querem é SEU dinheiro, e dane-se a história. Se tiver uns sustinhos fáceis e o bizarro espectro do Toshiôôôôôôôô no cantinho com seus arrotos e miados (!), o povo vai gostar.

Ah, falô. Vai nessa, seu Shimizu.

O pior de tudo é que “O Grito 2” começa muito bem. A introdução, por sinal, segue a cartilha do primeiro filme e apresenta uma seqüência intrigante que só fará algum sentido lá pela metade da projeção – enquanto no primeiro vemos o suicídio do personagem de Bill Pullman, aqui testemunhamos um negócio de louco envolvendo a dona-de-casa Trish (Jennifer Beals), seu marido Bill (Christopher Cousins) e uma frigideira cheia de óleo fervente. Um corte de cena e acompanhamos três colegiais, duas norte-americanas e uma (linda) japonesa, que caem na burrada de fazer o ritual de iniciação de uma delas em um lugar bastante conhecido da negada: os restos da casa habitada pelos espíritos rancorosos, macabrésimos e cheios de gases (!) da senhora Kayako (Takako Fuji) e seu filhinho maldito Toshio (Olga Tanaka), que assombram e aniquilam qualquer ser humano estúpido que se aproxime do local.

Em seguida, somos apresentados à espinha dorsal da película: a relaxada californiana Aubrey Davis (Amber Tamblyn, a feiosinha estrela do seriado “Joan of Arcadia”) descobre que sua irmã Karen (Gellar), com quem está brigada há anos, está internada em Tokyo e não pode sair de lá pois responde pelo suposto assassinato de seu namorado Doug, que no primeiro filme morreu nas mãos da fantasma – desculpe o spoiler, tá? -, embora a polícia acredite que sua morte é derivada do incêndio que Karen provocou. Comovida, Aubrey passa uma borracha nas pendengas e se manda para a terra do Sol Nascente para tentar entender o que diabos aconteceu. Chegando lá, ela conhece o jornalista Eason (Edison Chen), que entrou na residência do inferno (hehehe) para salvar Karen do incêndio e agora recebe as “visitinhas” de Kayako… Juntos, eles começam a investigar as origens do troço todo.

Não preciso dizer que, em certo momento, Aubrey entrará na casa…

Até aqui, “O Grito 2” nada mais é do que um repeteco do primeiro, e um repeteco até que divertido. A cagada toda é quando o péssimo roteiro de Stephen Susco começa a criar moda. Daí somos forçados a engolir uma fraquinha trama paralela envolvendo o pivete Jake (Matthew Knight), enteado de Trish, que descobre que seu apartamento vizinho nos States também está infectado pela maldição da Kayako; e como se não bastasse, ainda há mais enrolação em cima do passado de Kayako. Sério, a história da mãe dela, uma curandeira especializada em espíritos negativos, e a ligação entre as atividades dela e a maldição de Kayako são simplesmente RIDÍCULAS! Aquilo não faz sentido algum! (não vou contar para não estragar a surpresa de quem porventura queira assistir ao longa, ok?).

Antes a questão toda fosse a mediocridade da trama. Antes fosse, viu? Mas daí entra a tal da falta de coerência para com o universo mitificado com a primeira fita e, com meia hora de projeção, “O Grito 2” despenca de vez. Depois da primeira meia hora, o roteiro despeja uma série de seqüências mal-explicadas, todas embaralhadas em uma cronologia confusa e até inverossímil, preocupadas somente em viabilizar pretextos para o surgimento misterioso dos espectros furiosos. Ao contrário do primeiro “O Grito”, que também vai e volta no tempo mas têm todas as cenas conectadas e bem explicadinhas no final, aqui não há explicação para nada: em certos momentos, o espectador fica a ver navios numa boa.

O final, então, chega a ser revoltante! A conclusão entregue pelo roteiro de Susco é tão babaca e tão forçada que a impressão que se tem é a de que o próprio roteirista se perdeu no emaranhado de situações e personagens que criou e simplesmente não sabia como criar uma ponte justificável entre tudo aquilo. Parece que o cara escreveu qualquer coisa às pressas por não saber o que fazer – só isto para justificar o horroroso destino da personagem de Amber Tamblyn, pelo amor de Deus. O que vai ter de gente querendo pedir o dinheiro do ingresso de volta ao final da sessão… 😛

Bem, quanto à atuação… não dá pra esperar interpretações dignas de prêmios aqui, é claro. Entretanto, devo dizer que Amber Tamblyn, que respondeu há pouco pelos pouquíssimos pontos positivos do draminha miguxês Quatro Amigas e um Jeans Viajante, não é uma Meryl Streep da vida mas faz um trabalho bem mais relevante do que Sarah Michelle Gellar. Sozinha, a cena de seu sofrimento quando entra no antigo apartamento da irmã já atropela praticamente toda a filmografia da namoradinha do Freddie Prinze, Jr. – embora não precisa ser um ator ferradão para humilhar a pobre bastarda da Sarah Michelle Gellar, que consegue ser tão genial quanto o Orlando Bloomda “interpretativamente” falando. Hehehe! – De resto, atuações legais aqui são como as namoradas do Fanboy: uma utopia danada. ;-D

O saldo geral é triste, mas necessário: sabemos que Hollywood tem a mania idiota de sugar toda e qualquer gotícula de qualquer fórmula que funcione bem, e sabemos que Hollywood só pára de explorar esta fórmula quando ela apresenta claros sinais de cansaço. Depois do tremendo fiasco na qual resultou este “O Grito 2”, é bem provável que a meca da indústria cinematográfica ianque dê um tempo nos remakes de filmes de terror orientais. E cá entre nós, já era hora, não? Pois é, qualquer filme, mesmo aquele que não tem pretensão alguma de ser uma obra-prima, precisa de um pouco de talento e de um pouco de coerência e sentido para funcionar.

O pior é que agora fiquei com vontade de ver um filme de terror de verdade. Quando será que sai a nova comédia dos Irmãos Wayans? 😀

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– “O Grito 2” ganhou sinal verde de seu estúdio, a Sony, apenas três dias depois que “O Grito” chegou aos cinemas gringos. A motivação para a criação desta seqüência foram os impressionantes US$ 39 milhões que a fita estrelada por Sarah Michelle Gellar rendeu em seu primeiro final de semana de exibição, uma marca excelente para um longa-metragem de terror.

– Os fantasmas nipônicos devem odiar Amber Tamblyn. Afinal, ela também viveu a adolescente medrosa que, com cinco minutos de projeção, torna-se a primeira vítima da Sadako-cover em O Chamado.

– Quem será pior atuando: Sarah Michelle Gellar ou Freddie Prinze, Jr.? Nossa, eu despacho os dois e nem quero troco. O pior é que o Fanboy adora o seriado do rapazola aí… 😀

– Eu sei que a palavra “interpretativamente” não existe. Mas acabei de criar. Então, faça de conta que ela existe, ok? 😉

– Pois é, o negócio é tão ruim que nem curiosidades decentes tem…

O Grito 2 (Título original: The Grudge 2) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: Takashi Shimizu / Roteiro: Stephen Susco / Baseado no longa-metragem “Ju-On: The Grudge”, de Takashi Shimizu / Elenco: Amber Tamblyn, Sarah Michelle Gellar, Arielle Kebbel, Jennifer Beals, Teresa Palmer, Edison Chen, Takako Fuji, Ryo Ishibashi, Misako Uno, Shaun Sipos / Duração: 95 minutos.


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