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Artigo adicionado em 09/10/2006, às 10:07

O SACRIFÍCIO: poderia ter sido beeem melhor…
E incrível: o Nicolas Cage está apenas regular! Eu, hein. :: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa | FullScreen :: Trailer Internacional: Alta | Média | Baixa :: Notícias relacionadas: aqui e aqui :: Visite o site oficial Numa comparação bastante bestinha (mas funcional), Hollywood é como aquele seu amigo mala que vive de […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


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Numa comparação bastante bestinha (mas funcional), Hollywood é como aquele seu amigo mala que vive de torrar o seu saquinho com brincadeiras idiotas – ou como o Emílio Elfo quando começa a falar do Superman: não sabe a hora de parar. Hehehe! Bem, esta comparação é justa quando estamos falando da mania que a meca estadunidense de cinema tem de encontrar uma fórmula rentável e esgotá-la até o esfíncter fazer biquinho, estas coisas. E a moda da vez, lógico, são os remakes. É praticamente um a cada semana, não é possível.

O Sacrifício (The Wicker Man, 2006) é o novo exemplar desta já subcategoria cinematográfica – o longa-metragem original, o inglês O Homem de Palha, é inspirado em um arrepiante conto de Anthony Shaffer e chegou a poucos cinemas em 1973, ganhando status de cult e cada vez mais adeptos. E “O Sacrifício” também é uma prova incontestável de que o negócio já está tão saturado que os caras andam escolhendo qualquer coisa pra refilmar. Na boa, o original é bem divertido e traz um enredo no mínimo perturbador, mas vale mais por sua mitologia do que por qualquer outra coisa – digamos que, para mim, é mais um daqueles filmes “assista, divirta-se, impressione-se com o final, esqueça”. Uma película como “O Homem de Palha” não justifica um remake, sejamos francos. Mas já que fizeram… bem que podiam dar uma caprichadinha, não?

Não é o caso. “O Sacrifício” é um daqueles trabalhos que até pode entreter o público que nunca ouviu falar de sua história, ou aqueles que não esperam nada além de passar uma hora e meia na sala de projeção digerindo algo molinho de se mastigar. E até poderia se safar só com este detalhe, visto que não estamos falando mesmo de um filme com pretensões de ficar marcado nos anais da indústria do cinema… mas falta alguma coisa. Algo está fora do lugar. Talvez seja mesmo a interpretação no piloto automático de Nicolas Cage, um sujeito que sabemos ser muito bom quando quer. Ou então talvez seja o enredo, um tanto envelhecido e sem desafios ao espectador. O caso é que a projeção acaba e, no final, fica uma sensação de “isto poderia ter rendido um filmão…”.

Uma coisa não se pode negar: estamos falando de um típico trabalho de Neil LaBute. O cineasta indie, aclamado por fitas como o ótimo “Na Companhia dos Homens” (que lançou um certo Aaron Eckhart em 1997) e o bobinho “A Enfermeira Betty”, é conhecido por defender e aplaudir conceitos polêmicos de maneira bem discreta, quase imperceptível, em suas entrelinhas. E enquanto “O Homem de Palha” era uma alegoria sobre o fanatismo religioso, LaBute muda algumas peças, inverte posições, troca personagens e transforma o conceito do fanatismo para algo muito mais amplo. Aqui, questiona-se a velha questão (que redundante, não?) do machismo vs. feminismo. Sinceramente? Nem precisava. Um filme como “O Sacrifício” não precisa de questões filosóficas; só uma estrutura narrativa bem construída. O ponto falho da projeção.

O pior é que a trama tem potencial: Nicolas Cage interpreta Edward Malus, policial que testemunhou – e de certa forma provocou – um acidente que tirou a vida de uma jovem mãe e sua filha. Passado algum tempo, Malus reduz-se a uma pilha de amargura; não trabalha e vive se entupindo de remédios para tentar esquecer o que viveu. Uma oportunidade de redenção aparece quando Malus recebe uma desesperada carta de Willow (Kate Beahan, Plano de Vôo), que foi sua noiva no passado. A filha de Willow, Rowan, desapareceu misteriosamente, e a moça quer a ajuda do ex-noivo para encontrá-la.

Assim, Malus segue até a nova casa de Willow, a utópica e irreal Summerisle, uma ilhota particular perdida em pleno Oceano Pacífico, isolada do mundo e com suas próprias regras e tradições. Mal chega lá e já começa a suspeitar de algo muito errado quando nenhum dos habitantes, quase todas mulheres, reconhece a foto da menina. Ela pode nem existir… mas Willow alerta: não se deixe enganar por Summerisle. À medida que Malus aprofunda-se na investigação, descobre que a ilha, muito parecida à comunidade isolada retratada em A Vila (Hum, M. Night Shyamalan deve ser fã de “O Homem de Palha”…), esconde uma pá de segredos, cuja peça-chave pode ser a menina sumida… ou a “dona” do lugar, a estranha matriarca Irmã Summerisle (Ellen Burstyn)… ou um certo homem… de palha…

E chega! Não conto mais nada. 😀

Então vamos às considerações: bem, seria uma sacanagem dizer que “O Sacrifício” representa uma total perda de tempo. É apenas um trabalho com seus altos e baixos. Se por um lado temos uma trama envelhecida e um detalhamento bem superficial da tal comunidade fechada e seus rituais, por outro lado Neil LaBute consegue construir um clima de tensão que prende o espectador até seus momentos finais e, de quebra, traz uma trilha sonora fantástica (cortesia de Angelo Badalamenti, habitual colaborador de David Lynch – prestem atenção na trilha na cena do celeiro, é de arrepiar os cabelinhos da axila!) e uma fotografia bem climática, assinada pelo canadense Paul Sarossy (de “Mistério em River King”).

O elenco também tem seus altos e baixos. O bizarro é que o ponto baixo está justamente naquele que geralmente é o ponto alto de seus filmes, Nicolas Cage. Parece que Cage não está se divertindo tanto quanto deveria com este papel, e ajuda o fato de seu personagem ser naturalmente apático, o que dificulta qualquer espécie de identificação e de simpatia por ele. Para equilibrar, Ellen Burstyn (“Réquiem Para Um Sonho”), assumindo o papel que fora de Christopher Lee no passado, engole Cage em cena. Bem, Burstyn é daquela categoria de atriz que consegue ser ótima até lendo bula de remédio, então não dá pra considerar sua performance um acerto da produção. Hehehe! O maior barato é que a personagem de Burstyn só aparece em cena depois de mais de uma hora de projeção, mas sua onipresença é sentida – e TEMIDA – a cada fotograma de “O Sacrifício”. O resto do elenco não chega a incomodar. 😉

E aquele homem de palha… a figura só dá as caras mesmo na conclusão do longa, mas dá um medo do cacete! 😀

Num saldo geral, o grande ponto negativo acaba mesmo na pretensão de Neil LaBute em mexer nos detalhes da trama original para adaptá-la à mensagem que ele quer passar. Enquanto o primeiro filme criticava impiedosamente o cego fanatismo religioso ao colocar um cético lutando contra um suposto paganismo, esta refilmagem deixa esta oportuna metáfora de lado para criar uma fraca, batida e desnecessária apologia ao feminismo, à idéia de que as mulheres são melhores do que os homens e não precisam deles para nada. Em dados momentos, chega a irritar a insistência do roteiro em mostrar que o sexo masculino só serve para completar o feminino. E o final, ainda que deixe a platéia atônita com seu fator-surpresa (mas não chocada, como o longa de 1973 fazia), não passa de uma afirmação deste ponto de vista. Não que eu não concorde com esta opinião, só acredito que querer colocar um sexo acima do outro não é tão importante assim. E se você não entendeu o que raios isso tem a ver com o plot do longa, desculpa. Só assistindo mesmo. 😀

E nesta ânsia em querer expôr sua idiossincrasia, o diretor esquece de lapidar sua história central. E quem vai a um filme de terror para procurar metáforas, pô? 😛

Um conselho? Esqueça essa balelada toda. “O Sacrifício” só funcionará, e ainda assim não tanto quanto deveria, se levarmos em consideração apenas o que importa: o lado terror, o lado pipoca. Se você está doente para ir ao cinema neste final de semana e não faz idéia do que assistir, vá, assista, divirta-se, impressione-se com o final, esqueça em seguida. E saiba que Kate Beahan (como a ex-noivinha de Cage) e Molly Parker (que vive a professorinha sapeca Irmã Rose) acabaram de entrar para o seletíssimo grupo de “atrizes hollywoodianas casadas comigo”! Não vai demorar muito para que eu crie a minha própria comunidade fechada em uma ilhazinha para morar com estas criaturinhas… daí eu mando levar o Tim Story ou os amigos Wayans para fazer uns rituais. Ou o Emílio Elfo. 😛

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– Diz a lenda que Nicolas Cage assistiu “O Homem de Palha” pela primeira vez ao lado de ninguém menos que Joey Ramone, integrante dos Ramones e um declarado apaixonado por cinema. Droga, EU deveria estar lá também! 🙂

– Preste atenção nas pontinhas hiper-super-rápidas de Aaron Eckhart, Jason Ritter e James Franco. Piscou, perdeu.

– Sim, o equivocadíssimo título brazuca entrega MUITA coisa. E o cartaz que traz o homem de palha também mostra, mesmo que quase imperceptivelmente, o final do filme.

– SPOILER, SPOILER, SPOILER! Na cena da delegacia, enquanto Nicolas Cage conversa com um colega de trabalho, é possível ver um cartaz de “desaparecido”. A foto estampada no cartaz de “desaparecido” é a foto do Sargento Howie, vivido por Edward Woodward. Howie é o personagem principal do longa-metragem original.

O Sacrifício (Título original: The Wicker Man) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos, Alemanha / Direção: Neil LaBute / Roteiro: Neil LaBute / Baseado no livro de Anthony Schaeffer, e no longa “O Homem de Palha” (1973), de Robin Hardy / Elenco: Nicolas Cage, Ellen Burstyn, Molly Parker, Leelee Sobieski, Frances Conroy, Kate Beahan / Duração: 102 minutos.


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