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Artigo adicionado em 13/11/2006, às 11:37

Review ::: Show ::: EDGUY (Credicard Hall – São Paulo/SP – 03/11/2006)
Para dançar e cantar junto! Morpheus, o mentor intelectual e guru espiritual de Neo na trilogia Matrix, costuma dizer que coincidências não existem. A frase deve cair como uma luva na cartilha da banda alemã Edguy – que, por sinal, gravou uma canção chamada The Matrix em seu mais recente disco de estúdio, Rocket Ride. […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Morpheus, o mentor intelectual e guru espiritual de Neo na trilogia Matrix, costuma dizer que coincidências não existem. A frase deve cair como uma luva na cartilha da banda alemã Edguy – que, por sinal, gravou uma canção chamada The Matrix em seu mais recente disco de estúdio, Rocket Ride. Coincidência? Não. Na sexta-feira, dia 3 de novembro, a trupe liderada pelo frontman Tobias Sammet passou por São Paulo depois de dois anos e fez uma apresentação deliciosa, como de costume, mas marcada também por algumas sensações do chamado deja vu – que, de acordo com o filme dos Irmãos Wachowski, também são uma falha na Matrix. Muito suspeito…

Em 2004, quando foram a atração principal do festival Rock The Planet na capital paulista, os edguys registraram seu show para um posterior lançamento em DVD…que não deu certo. O equipamento falhou, as câmeras não funcionaram, a captação de som deu pau, tudo conspirou para que o disco não saísse. Então, eles resolveram tentar de novo, e de novo no Brasil – desta vez, em um lugar menor, o Credicard Hall. Embora a casa não estivesse com sua lotação máxima, uns bons 2.500, talvez 3.000 headbangers resolveram prestigiar a banda e provar a tese que toda banda de metal defende: o público brasileiro é o mais barulhento do planeta. E considerando-se o fato de que 1) o Live ‘n’ Louder deixou quase todos os fãs metálicos sem grana para shows no segundo semestre e 2) apesar de ser emenda de feriado, ainda assim era uma sexta-feira em Sampa, e isso dificulta consideravelmente a locomoção, acho que o Edguy conseguiu reunir uma parcela considerável de maníacos, afinal de contas. E todos bem barulhentos.

Pontualmente, às 22h, as luzes se apagaram e surgiu, nas caixas de som, um aquecimento para a galera: Fear of The Dark, do Iron Maiden, tocada na íntegra antes mesmo que as cortinas se abrissem. Quando o show finalmente começou, veio a saudação do início do disco anterior, Hellfire Club: “Ladies and gentlemen, welcome to the freak show!”. E sem dar tempo para respirar, um Tobias de cabelos curtos assume o palco e bota para quebrar nas duas primeiras canções da noite, ambas do disco novo: Catch of The Century e Sacrifice. Duas pauladas cantadas por boa parte da platéia, que dava a entender que tinha ouvido (e gostado) da nova bolacha e cumprindo a expectativa de, afinal, fazer todo o barulho esperado para tornar o tal DVD uma experiência inesquecível e de dar inveja aos frios europeus. A noite prometia. Ao final de “Sacrifice”, o bem-humorado vocalista do grupo vem dos bastidores com a novidade: “Bem, eu tenho uma boa e uma má notícia para vocês. A boa é que vamos tocar bastante para vocês”. E a galera delira. “E a má é que as câmeras não captaram as duas primeiras músicas e vamos ter que começar tudo de novo. Vamos fechar as cortinas, sair por dez minutos e, quando voltarmos, queremos ver vocês gritando duas vezes mais alto!”. As risadas foram inevitáveis.

Novamente as cortinas se abriram, novamente fomos saudados a participar do “freak show” e novamente cantamos juntos “Catch of The Century” e “Sacrifice”. E eis aí o primeiro deja vu da noite.

Depois disso, enfim a apresentação pôde seguir seu curso natural – mesclando canções do disco novo como o single Superheroes, a balada Save Me (que eles executaram com uma levada até mais acústica) e a absolutamente hard rock Fucking With Fire, com clássicos absolutos como as inevitáveis Tears of A Mandrake e Vain Glory Opera, a fantástica Babylon, além da sing-a-long Land of The Miracle, finalizada com todos os milhares de fãs, sem exceção, cantando à capela a frase final: “I believe in miracles / They happen everyday”. E estando no Brasil, é claro que não faltaria Lavatory Love Machine, recebida com entusiasmo pelo brasileiros homenageados na letra da canção.

Para quem nunca esteve em um show do Edguy, cabe aqui um parágrafo (ou talvez dois) à parte para tentar explicar porque os sujeitos fazem jus ao apelido dado por um amigo veterano da cena metálica: “os caras mais gente boa do metal”. Sempre com um sorriso no rosto, o quinteto pode desagradar aos mais puristas e/ou aos mais radicais, mas são inegavelmente garantia absoluta de boa música (queira você admitir ou não, todos são ótimos músicos) e muita diversão. O baterista grandalhão Felix Bohnke não pára um minuto e adora ficar provocando a platéia com suas caretas. Os guitarristas Dirk Sauer e Jens Ludwig, ao lado do baixista Tobias Exxel, não perdem a chance de fazer a tradicional “dancinha” defronte à bateria, rebolando com seus instrumentos (sem trocadilhos infames, por favor) de um lado para o outro.

O grande destaque do Edguy, no entanto, é mesmo a empolgada performance de Tobias (que, segundo um grupo bem atrás de mim, tem uma testa que parece uma tela de cinema). Pulando de um lado para o outro, subindo e descendo das plataformas, sacaneando os outros músicos, mostrando a língua, fazendo piruetas com a base do microfone, comandando corinhos de “ô, ô, ô”, dividindo a platéia em duas para ver quem grita mais alto, Tobias é o típico showman – que incorporou totalmente o estilo hard rock de ser, bebendo na fonte de performers como David Lee Roth. Por falar em Roth, aliás, o vocalista do Edguy usou e abusou do pulo de pernas abertas que se tornou marca registrada do comandante dos microfones do Van Halen.

Como em quase todo show de metal, não poderia faltar aquele tradicional solo de bateria – e Bohnke não se fez de rogado, batendo até na própria cabeça para atrair a atenção do público em um dos momentos que mais esfria o bate-cabeça dos headbangers. No meio de seu solo, o palco ficou escuro e eis que surge aquela respiração característica: Darth Vader! E ao som da “marcha imperial” da saga cinematográfica Star Wars – ou “Guerra nas Estrelas”, ao gosto do freguês – Bohnke continuou a destruir a bateria. Mas…espera um pouco? Ele não fez um solo com a mesma brincadeira em 2004, lá no Espaço das Américas? Bingo: eis o segundo deja vu.

Nota mental: A gente sabe que está velho quando olha para os lados e vê um grupinho de fãs mais jovens, entre 14 e 15 anos, se perguntando que melodia é aquela que sai dos PAs durante o solo de bateria…”Em que disco está isso?”.

“Vou mostrar para vocês como eu sou péssimo tocando guitarra”, anunciou Tobias ao tomar emprestadas as seis cordas de Ludwig para tocar o riff inicial de Mysteria – reconhecido imediatamente pela galera, que foi à loucura. Ao final da canção, eles saíram do palco e os gritos de “Olê, olê, olê, olê, Edguy, Edguy” foram o sinal para que, minutos depois, Tobias e cia. retornassem para a execução de um…cover. Ou pelo menos, foi assim que ele anunciou. “Pois é, não é uma canção do Edguy. Trata-se de uma música de uma banda chamada Avantasia, vocês conhecem?”. Bingo: era de se esperar que pelo menos uma canção do projeto solo conduzido pelo próprio Tobias fosse rolar. Mas, ao contrário do que se especulava, não foi nem Sign of The Cross ou Chalice of Agony, ambas com a suposta participação especial de André Matos (ex-Shaaman), mas sim a faixa título “Avantasia”, em uma performance poderosa. E sem André Matos.

Na seqüência, Tobias diz que é a vez de uma canção dedicada aos imbecis e aos idiotas. “Sim, temos muitos idiotas na Alemanha e acredito que vocês também tenham muitos idiotas aqui no Brasil – mas os idiotas não gostam de heavy metal. Eles ouvem música pop e outras porcarias que tocam nas rádios. Vocês conhecem muitos idiotas?”, brinca ele, dando a deixa para os gritos de “Lula! Lula! Lula”, referindo-se ao nosso recém-reeleito presidente da República. A música, é claro, foi King of Fools.

Outra saída do palco, outra coleção de gritos de “Olê, olê, olê, olê, Edguy, Edguy” (mais um deja vu?) e, quando os cinco retornam novamente para enfim encerrar sua apresentação, o vocalista promete que, dentro de dois anos, o Edguy retorna à São Paulo para mais um show. “Mas antes disso, cada um de vocês já vai ter se visto no DVD. Obrigado, e boa noite!”, grita Tobias, antes de cantar Out of Control. Sim, sim, se a sua memória estiver boa, esta foi exatamente a última música do show de 2004. E a palavra é…deja vu!

No frigir dos ovos, apesar dos deja vus, pudemos presenciar mais um grande show desta competente e empolgante banda que dá para chamar de blockbuster – mantendo a comparação cinematográfica, é aquele tipo de produção grandiosa cujo único objetivo é divertir. E isso o Edguy faz como ninguém. Só senti falta de ver como a banda se sairia tocando ao vivo as novas músicas The Asylum (uma das melhores produzidas por eles nos últimos anos) e Trinidad (que, com sua improvável levada caribenha, tem tudo para se tornar o ponto alto de uma apresentação). Vamos ver daqui a dois anos…já que vou estar lá com absoluta certeza, já próximo dos 30 anos, mas ainda pulando como um adolescente. Com o Edguy no palco, é impossível ficar parado.


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