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Artigo adicionado em 19/09/2006, às 06:00

O DIABO VESTE PRADA: Meryl Streep arrasa em filme inofensivo
“Não me obrigue a jogá-la para as modelos”?? :: Trailer Oficial :: Visite o site oficial Em algum ponto da década de 90, Lauren Weisberger foi contratada como assistente de alguma pessoa muito muito má da Revista Vogue. Pode-se dizer que a experiência não foi nada divertida para ela. Tanto é isso que a escritora […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


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Em algum ponto da década de 90, Lauren Weisberger foi contratada como assistente de alguma pessoa muito muito má da Revista Vogue. Pode-se dizer que a experiência não foi nada divertida para ela. Tanto é isso que a escritora resolveu destilar todo o seu ódio no livro O Diabo Veste Prada, que virou um best-seller internacional e, seguindo os passos da maioria dos best-sellers internacionais, acaba de virar um longa-metragem. Aos que leram o livro, aqui vai a boa e velha comparação: eu não li, mas segundo o que andei vendo por aí, os leitores admitiram que a versão cinematográfica é mais legal do que os escritos originais, contrariando todas as regras desse gênero. Segundo eles, o filme, por ser mais curto, acaba cortando algumas partes que se tornam repetitivas no livro.

Para que sua história não ficasse muito escancarada, Lauren criou uma personagem baseada nela, cujo nome é Andy. Andy Sachs (Anne Hathaway, Diário da Princesa), mais especificamente. Ela acaba de se formar em Jornalismo e, graças ao seu ótimo currículo, consegue um emprego como assessora de Miranda Priestly (Meryl Streep), editora-chefe da revista de Moda Runway e megera nas horas vagas, sendo uma espécie de Roberto Justus do mundo da moda. A menina percebe que lá não é bem seu habitat natural e sente-se mal em meio a todas as outras pessoas que trabalham por lá já que elas usam roupas caríssimas e vão trabalhar com sapatos de salto fino, enquanto ela não está nem aí para moda, até então jamais tinha ouvido falar na tal Miranda, e é a única pessoa gorda do recinto (ao menos segundo tentam fazer com que a gente acredite, já que se a Anne Hathaway for gorda, eu preciso rever meus conceitos urgentemente). Pouco a pouco Andy descobre que a realidade morde – e ela tem as marcas de dentes para provar isso – e que, se quer se destacar e ter seus sonhos de carreira conquistados, terá que comer muita grama, sofrendo muito nas mãos de Miranda, abandonando seus discursos éticos contra as futilidades da moda e “vendendo sua alma” para os Guccis, Pradas e Gabannas da vida, enquanto deixa seus amigos e namorado em segundo plano, priorizando sempre seu trabalho.

Pra mim, ver esse filme foi particularmente interessante. Semestre passado eu tive uma das experiências mais surreais da minha vida quando fiz um curso de Jornalismo de Moda, e, durante as aulas, ouvi coisas como “a indústria mais importante é a de roupas, afinal você até vê pessoas passando fome, mas não vê pessoas nuas passando fome”. Isso além de muita babação de ovo e papos hype que me deram MUITO MEDO. Assistir a essa película foi, então, uma constatação a mais de que o mundo da moda de alta costura é composto por pessoas que vivem em seus mundos paralelos se dando ares de muita importância. Totalmente surreal. Porém, não pensem os senhores que o filme é uma grande crítica a esse glamour um pouco descerebrado desse mercado. Não, não, e esse é um dos méritos da película. Ela poderia facilmente recair em um monte de ataques exagerados e personagens muito caricatos, mas foge disso. Se tem um pouco de estereótipos é em um nível saudável, e não obriga o público a odiar ou amar ninguém.

O melhor exemplar dessa ótima escolha do roteiro é a personagem que dá nome ao filme: a intragável Miranda Priestly. Nas mãos erradas, ela poderia numa boa virar mais uma dentre tantas personagens adepta de todos os clichês possíveis em se tratando de chefes malévolas e mal humoradas. Mas você há de convir que a Meryl Streep não é qualquer uma. Ela vive uma Miranda absolutamente insuportável, daquele tipo de pessoa que você não pensaria duas vezes antes de amaldiçoar para todo o sempre, mas muito real. Com uma interpretação totalmente sutil, um olhar da atriz é capaz de sugar o que ainda restava de sua auto-estima, cuspi-la no chão e te obrigar a pisar em cima de seus pedacinhos. Descalço. “O Diabo Veste Prada” não é um filme ruim, mas se fosse, ainda assim se salvaria graças à Dona Streep.

Quanto aos outros atores, outro destaque vai para Stanley Tucci, que vive Nigel, um esnobe-de-bom-coração que acaba virando amigo de Andy, enquanto Emily Blunt – intérprete de Emily, assessora competentíssima de Miranda – começa um pouco exagerada, mas vai melhorando até o final da projeção. E a Anne Hathaway? Bem, ela é bonita e quando eu crescer quero ser como ela. Mas tirando isso, ela só cumpre seu papel e ainda vai ter que encarar mais umas produções infanto-juvenis disneyanas até chegar de vez em papéis mais sérios como o que ela vem tentando fazer aqui e em O Segredo de Brokeback Mountain. E olha só, eu já quase ia me esquecendo de comentar sobre a atuação do “talento brasileiro” Gisele Bündchen! Bem, para alguém que tem umas três falas, ela se saiu bem. E não, ela não faz papel de uma modelo, e sim de uma estagiária recém-promovida. E sim, ela aparece de roupa.

Pra ser sincera, não há muita coisa mais a ser dita a respeito do filme. Dessa vez, poupa-lo-ei de parágrafos e mais parágrafos cheios de ódio no coração ou de puxa-saquismos sem fim (para tristeza de uns e felicidade de muitos). Afinal, “O Diabo Veste Prada” faz parte daquele espécime nem odiável, nem idolatrável, e é perfeitamente bem acompanhado por um pacote de pipocas e uma chuvinha marota lá fora. O final é bem previsível, e a atuação de Anne Hathaway é boa, mas não passa disso. Então, não espere uma comédia exagerada com zilhões de piadas sobre modelos magrelas nem um drama que questione tão a fundo o existencialismo da protagonista diante das escolhas de sua vida. É algo entre os dois, conduzido de maneira bem leve. É um filme de menininhas? Bem, se avaliarmos isso através do incrível desfile de roupas classudas e legais, até é. Fora isso, é uma diversão descompromissada que até – veja só – faz os espectadores pensarem um pouquinho: até que ponto você venderia sua alma e trocaria seu jeito de ser em favor de um emprego, de um relacionamento ou qualquer coisa que seja? É algo a se pensar. Afinal, meus amigos, futuros eventos como esse irão afetá-los… no futuro. o_O

Que bom que aqui n’A ARCA eles me deixam trabalhar de All-Star, senão seria dureza.

O Diabo veste Prada (Tí­tulo original: The Devil Wears Prada) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: David Frankel / Roteiro: Aline Brosh McKenna, baseado na obra de Lauren Weisberger / Elenco: Meryl Streep, Anne Hathaway, Stanley Tucci, Emily Blunt, Simon Baker, Adrian Grenier / Duração: 109 minutos.


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